Avançar para o conteúdo principal

A História dos A's




Do Porto para o Baixo Alentejo, mais concretamente para Pias (Concelho de Serpa) onde teve início a minha jornada profissional na Arqueologia. Entre barragens e condutas, decapagens e prospeções, fui-me apercebendo da realidade desta actividade. Muito longe da ideia pré-concebida ao longo da breve licenciatura onde todos ambicionam o óbvio. Porém, a dura realidade rapidamente esvanece o sonho. A precariedade, os trabalhos de curta duração, muitas vezes longe de casa, onde o preço da responsabilidade não é proporcional às exigências que nos fazem. Afinal os baixos orçamentos levam sempre a melhor. Isso só se traduz numa realidade e que todos os meus colegas conhecem. Já todos passamos por ela e, mais tarde ou mais cedo, desistem. Apaga-se a chama Daquele sonho. Afinal trabalho em Arqueologia não falta. Porém, falta o resto. O enorme resto do qual todos precisamos enquanto profissionais, enquanto investigadores. Muitos jovens arqueólogos com um futuro promissor vêm-se obrigados a desistir da profissão.


Infelizmente não fui excepção, pois a vida nómada de mochila às costas também cansa. Até desperta curiosidade, efémera claro! Porque depois, afinal, continuamos a ter que ser nómadas. Não passam de ligações temporárias a vilas e cidades, a pessoas e espaços. Fica a experiência, as vivências e claro a aprendizagem.


Deixei-me encantar pelo Alentejo. Da paisagem às suas gentes. Da gastronomia aos fins de tardes escaldantes. Os A’s continuam a perseguir-me. As oportunidades não surgem por acaso. Decidi abraçar um novo projecto: criação de aves. Galinhas. Alguns de vocês já ouviram falar, outros já presenciaram esta nova aventura. De facto e apesar de ter sido criada num meio citadino, desde muito cedo tive contacto com a bicharada e as galinhas não foram excepção. Também tive uma galinha de estimação que durou alguns anos. Era quase uma espécie de cão. Dormia num ninho e comia na cozinha. Enfim, há malucos para tudo!


Actualmente, tenho uma pequena exploração em Pias, que conta já com algumas dezenas largas de bicos. Entre pintos, frangos, galinhas e ovos o efectivo vai aumentado, assim como a procura do produto. Claro que nem tudo é um mar de rosas. Dificuldades há sempre e o risco de avançar com um projecto numa área na qual não tenho formação técnica também não ajuda. Um grande desafio não há dúvidas! Muito esforço e dedicação. Gosto pelo que faço mas sobretudo uma grande satisfação pessoal que tem vindo a ultrapassar as expectativas. Minhas mas também de todos os que de alguma forma têm contribuído para o sucesso deste projecto.


Galinhas do campo. Criadas ao ar livre, com uma alimentação à base de cereais e verduras. Ideal para uma bela cabidela ou ensopado do campo. Quem não gosta? (Os vegetarianos claro! Mas também não quero ofender ninguém). Pastagens rotativas para que tenham sempre acesso à erva, liberdade durante todo o dia e banhos de terra. Sim, são felizes e saudáveis. Põem ovos espectaculares e dão uma carne muito saborosa. Não posso dizer que sejam criadas em modo de produção biológico, já que isso implica que a sua alimentação seja certificada como tal. É extremamente cara, pelo que não segui esse caminho. Pelo menos por agora. Talvez num futuro próximo, dependendo da procura também. São criadas num espaço livre do uso de produtos químicos e todos os seus derivados, pois isso vai contra os meus princípios. Dedico-me diariamente a este projecto de corpo e alma, sempre com novas ideias que vão amadurecendo com o conhecimento que vou adquirindo. Conto com o apoio técnico da ADC Moura, especialmente do Filipe Sousa, a quem agradeço desde já toda a colaboração prestada ao longo do último ano.


Daqui em diante, conto alagar o número de efectivos, continuando com a produção em modo tradicional, seguindo os mesmo princípios de bem-estar animal, respeitando o ciclo natural de crescimento dos animais, com uma alimentação variada e completa. Para mais informações ou dúvidas já sabem que me podem contactar. Agradeço também que divulguem o projecto! 















Comentários

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Museu Nacional de Antropologia (Cidade do México)

La chamulita

Centenas de cliques durante dois meses pelos México. Centenas de outros possíveis registos que me passaram pela mente, cujo momento foi tão fugaz que não houve sequer um instante para disparar e imobilizar o momento no cartão de memória da minha câmara. Entre paisagens fantásticas, rostos cativantes e finais de dia inesquecíveis e, ainda que a minha companheira de aventura quase sempre me acompanhe, é impossível conseguir registar tudo. Por vezes mesmo após o registo, sei que a fotografia não deveria ter sido tirada daquele ângulo ou com determinado elemento lá presente. Sou fotógrafa amadora e, ainda que já tenha passado pela redação de um Jornal, não deixei de o ser. Não tenho formação profissional na área. Fiquei-me e fico-me pelas arqueologias, por agora. No entanto, julgo ter algumas características sem as quais não se faz um fotógrafo. Sobretudo sensibilidade. Captar determinados momentos tão efémeros que, das duas uma, a câmara dispara ou, terei de guardar esse momento para ...