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Lagartero

O sítio arqueológico Lagartero está localizado na zona Sudeste do México, no estado de Chiapas, mais concretamente no extremo Sudeste do Município de La Trinitaria, bastante próximo da fronteira com a Guatemala. Está distribuído por várias ilhas e pequenas penínsulas em Lagos de Colón. Rodeado por vegetação baixa de selva tropical devido à sua localização geográfica mas também pelo clima quente típico desta região.

O primeiro reconhecimento arqueológico da zona foi feito por Thomas Lee em 1974, durante uma visita à Bacia superior do rio Grijalva e identificou o sítio como sendo de tipo cerimonial. Em 1981, o topógrafo Eduardo Martínez fez o levantamento topográfico e algumas sondagens: uma da acrópole e outra na parte superior da pirâmide 1, a sul da praça principal. Em 1990 foi apresentado o Projecto Lagartero, que viria a ser aprovado pelo Conselho Nacional del INAH (Instituto Nacional de Antropología e Historia), tendo sido realizada nesse ano a primeira campanha de escavações.

Lagartero foi um grande centro cerimonial cívico-religioso da cultura maya, cuja área cerimonial se localiza numa ilha conhecida por “El Limonal”, a sul dos lagos. Com base nos materiais arqueológicos aqui recolhidos, esta zona esteve ocupada desde o Clásico Inicial (300 d.C.) ao Pós-Clássico Tardio (1400 d.C.), ainda que o seu auge tenha sido durante o Clássico Tardio (700-900 d.C.). Estes dados podem também ser comprovados através da arquitectura e das suas cerâmicas que desenvolveram nesta época um tipo policromo estilo códice, visível nos pratos e copos com desenhos. No bordo das peças há uma série de pseudoglifos, sendo que o glifo aí representado se repete à volta de toda a peça, podendo representar o nome do senhor ou mesmo um acontecimento importante.

As suas principais construções compreendem um conjunto de 15 pirâmides, entre as quais a mais alta com cerca de 12 metros de altura. Também há praças fechadas e abertas e várias plataformas de diferentes tamanhos e alturas, sendo que algumas delas estão ligadas entre si e outras encontram-se simplesmente isoladas. Na sua generalidade, as estruturas cívico-religiosas limitam as praças e as domésticas formam pequenos pátios que, na sua maioria, se concentram na parte Sul e Este do sítio. No entanto, a área habitacional estendeu-se até aos arredores dos Lagos.

As primeiras escavações começaram na Pirâmide do Deus do Vento (Guajil). Trata-se de uma pirâmide de seis corpos sobrepostos e edificada em duas etapas construtivas. Os três primeiros corpos, tal como o último estão formados pelo que se conhece de “talude e tabuleiro”, a forma construtiva das pirâmides mayas. A pirâmide do Guajil mede mais de 11 metros de altura, a sua planta é quase quadrangular e na sua parte superior localizaram-se os restos de um templo composto por dois compartimentos co uma subdivisão interna, porém intercomunicados.

Entre os achados podem destacar-se 40 vasilhas, pratos e copos, decorados com pinturas com várias cores, bem como uma máscara de pedra com a figura de um rosto humano. Foram também encontradas excelentes figurilhas que representam humanos mas também animais e uma grande variedade de objectos de pedra, sobretudo basalto, sílex e obsidiana. 














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